CAPP2: Estudo reafirma o uso da aspirina na prevenção do câncer colorretal em pacientes com Síndrome de Lynch

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CAPP2: Estudo reafirma o uso da aspirina na prevenção do câncer colorretal em pacientes com Síndrome de Lynch

A aspirina tem sido utilizada há muitos anos com o objetivo de prevenir doenças cardiovasculares e, mais recentemente, estudos têm demonstrado que o uso prolongado do ácido acetilsalicílico (AAS) está associado à diminuição do risco de desenvolvimento de câncer colorretal hereditário. 

Uma pesquisa publicada no começo de junho 2020 no periódico The Lancet reafirmou a eficácia do medicamento em pacientes com síndrome de Lynch, depois de acumular evidências por 30 anos. 

O contexto do programa de prevenção do câncer (CAPP2)

O estudo CAPP2 iniciou-se em 1999, com o recrutamento de pacientes portadores de síndrome de Lynch, com o intuito de investigar se a aspirina teria o potencial de prevenir o câncer nesses indivíduos com predisposição hereditária. Os pacientes foram randomizados para receber uma dose diária de 600 mg de aspirina versus placebo. 

Inicialmente, esses indivíduos foram avaliados após o período de de dois anos de intervenção, seja com o medicamento ou com o placebo. Neste momento, não foram observados efeitos significativos na incidência de câncer colorretal. Por esse motivo, foi solicitado o acompanhamento por até 10 anos. 

Quando os primeiros pacientes que fizeram o uso da aspirina ou do placebo por no mínimo 2 anos atingiram o período de 10 anos de observação, já foi observado uma proteção significativa da aspirina contra o câncer colorretal. 

O relatório atual é a análise dos dados após todos os pacientes atingirem pelo menos 10 anos de observação. 

O que o relatório de 2020 atualiza sobre a prevenção do câncer colorretal

Nessa pesquisa, 861 pacientes de 43 países foram designados para receber 600 mg de aspirina diariamente ou um placebo. Os resultados foram monitorados por um período que variou entre 10 e 20 anos. 

O que a análise de dados demonstrou é que os efeitos protetores da aspirina contra o câncer colorretal foram duradouros, persistindo até os 20 anos de acompanhamento. 

A incidência da neoplasia em indivíduos com síndrome de Lynch começou a divergir cinco anos após o início do tratamento, com permanência dessa menor incidência de câncer durante todo o período de observação. 

Esse é um padrão semelhante ao observado em estudos com participantes que utilizaram o medicamento para prevenção de doenças cardiovasculares. 

A análise confirma, portanto, que a aspirina reduz o risco de câncer colorretal em pacientes com síndrome de Lynch, embora ainda não se saiba ao certo o mecanismo de ação do ácido acetilsalicílico nesse sentido.

Sabe-se até então que, para portadores da síndrome de Lynch, tomar 600 mg de aspirina diariamente por pelo menos dois anos reduz as chances de desenvolver o tumor futuramente. 

É importante ressaltar que ainda é preciso determinar se esta é a dose ideal de aspirina, no que diz respeito à equilibrar o benefício (redução do risco de câncer) e os efeitos colaterais (sangramento gastrointestinal). Atualmente, está em curso o CAPP3, um estudo randomizado que busca comparar a eficácia de diferentes doses de AAS. O estudo conta com 1882 pacientes portadores de Síndrome de Lynch e a primeira análise dos dados será realizada em 2024. 

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