Como é o tratamento cirúrgico para síndromes hereditárias do intestino

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Como é o tratamento cirúrgico para síndromes hereditárias do intestino

Quando uma pessoa é diagnosticada com alguma síndrome hereditária que pode causar câncer colorretal, o tratamento indicado vai variar de acordo com o tipo da síndrome, a idade e o quadro clínico do paciente, dentre vários outros fatores. Em alguns casos, a realização de colonoscopias regularmente é suficiente para prevenir o câncer, mas em outras situações uma cirurgia poderá ser indicada. 

De maneira geral, em pacientes sem síndromes hereditárias, a cirurgia para tratamento do câncer colorretal consiste em retirar a parte do intestino afetada pela doença, mas nos pacientes com síndromes hereditárias, isso nem sempre é assim. A escolha adequada da cirurgia a ser realizada é muito importante já que cada procedimento pode, em maior ou menor grau,  impactar no hábito intestinal e na qualidade de vida do indivíduo. 

Síndrome de Lynch

Estima-se que essa doença hereditária seja responsável por cerca de 5% dos casos de câncer colorretal, e que aqueles com a síndrome têm até 80% de chances de desenvolver essa neoplasia. 

Além do câncer de intestino, a síndrome de Lynch pode aumentar, também, as chances do paciente ter tumores no endométrio, ovário, estômago, intestino delgado,  rins, pâncreas, vias biliares, pele e cérebro.

As chances de desenvolver mais de um tumor no cólon também são altas. Por isso, ao invés de retirar apenas a parte do intestino com câncer, em casos selecionados, uma colectomia total poderá ser indicada. Nessa cirurgia, o todo o cólon do paciente é removido, mas o reto é preservado.

Esse procedimento pode parecer radical, mas evita o aparecimento de um novo câncer no intestino remanescente e a necessidade de realização de cirurgias posteriores. Diversas pesquisas apontaram que pacientes com síndrome de Lynch que se submeteram a colectomias parciais tiveram que passar, depois, por outras cirurgias abdominais.

Polipose Adenomatosa Familiar

Essa é uma doença relativamente rara, atingindo uma a cada 8 mil ou 14 mil pessoas. No entanto, aqueles com polipose adenomatosa familiar quase certamente irão desenvolver câncer colorretal precocemente se não forem tratados. 

Essa doença se caracteriza pelo surgimento de numerosos pólipos no intestino grosso, de maneira que remover um a um é inviável. A maioria dos pacientes é assintomática até que essa lesões aumentem de número e tamanho, ou então até que já exista um tumor maligno no intestino. 

Geralmente, a vigilância começa na adolescência, com a realização de colonoscopias periódicas. Quando o exame identifica uma quantidade considerável de pólipos, o que costuma acontecer no começo da vida adulta, uma colectomia total é indicada. Nessa cirurgia, todo o intestino grosso do paciente é removido. Outra possibilidade é a realização de proctocolectomia total, em que o reto do paciente também será removido cirurgicamente, juntamente do cólon. Utilizamos essa cirurgia quando existem muitos pólipos no reto que não podem ser removidos por colonoscopia. 

É sempre importante ressaltar que uma síndrome hereditária só pode ser diagnosticada por meio da coleta adequada da história familiar e pessoal, associada a exames complementares como a colonoscopia e testes genéticos. Esses diagnósticos e sugestões de tratamento não são fáceis de se receber, por isso ressalto o papel central do aconselhamento genético nesse processo. Além disso, a escolha do tipo de cirurgia a ser realizada depende de vários fatores e cada caso deverá ser analisado individualmente. 

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