A fístula é um problema anal relativamente comum e que pode ser bastante incômodo para o paciente. Como é muito raro que uma fístula se cure espontaneamente, costuma ser necessário realizar intervenção cirúrgica, inclusive, para evitar complicações como a formação de um abcesso. 

Em alguns casos de fístula complexa ou quando o paciente tem doença de Crohn, por exemplo, o seton pode ser um grande aliado do tratamento.

O que é fístula anal

A fístula é, basicamente, um túnel anormal que conecta a região interna do ânus com a superfície da pele perianal do paciente. Ou seja, começa por um pequeno orifício dentro do canal anal, passa através do esfíncter (músculo) anal, e termina num orifício que pode estar próximo à borda anal ou mais afastado. 

Uma fístula pode ser simples ou complexa, sendo que a primeira se caracteriza por um só túnel, e a segunda por um túnel bifurcado, que se divide entre um ou mais locais de drenagem. Em todos esses casos, a fístula não cicatriza sozinha porque o túnel é revestido por um tecido que impede a cicatrização.

Além disso, o trajeto que a fístula percorre em relação aos músculos esfincterianos também caracteriza o nível de complexidade da doença. Quanto maior o acometimento esfincteriano, mais desafiador é o tratamento. 

Os casos de fístulas simples, sem grande acometimento esfincteriano, costumam ser mais simples de tratar porque é possível remover cirurgicamente todo o canal da fístula sem prejudicar a continência fecal (capacidade de segurar as fezes).

Já nos casos de fístulas complexas, com mais de um trajeto e grande acometimento do esfíncter não é possível retirar a fístula sem cortar os músculos e sem causar incontinência fecal, então esse tipo de técnica cirúrgica não é indicada. 

Devido a todos esses fatores, é sempre fundamental estudar a anatomia de cada fístula para buscar a técnica de tratamento mais adequada para cada caso, levando em conta, inclusive, a existência de doenças associadas. 

Sintomas da fístula anal

Os sintomas mais comuns da fístula anal costumam ser os seguintes:

• Abcessos (infecções) recorrentes, com secreção purulenta e/ou sanguinolenta;
• Coceira no ânus;
• Inchaço no local;
• Dor local;
• Febre em caso de abscesso 

Causas da fístula anal

Quando uma glândula anal infecciona, costuma acontecer um acúmulo de pus chamado de abcesso anal que pode gerar uma fístula. 

Estima-se que cerca de 80% das fístulas sejam causadas por abcessos anais. Em contrapartida, metade dos abcessos evoluem para fístula. 

Outra causa comum de fístula anal é a doença inflamatória intestinal, principalmente a Doença de Crohn. 

Tratando a fístula com seton

Principalmente casos de fístulas complexas, com abscesso ou pacientes com doença de Crohn, costumam se beneficiar muito do tratamento com seton.

O seton de drenagem é uma espécie de fio que é passado do orifício interno ao orifício externo e é amarrado na parte de fora do ânus. Seus principais objetivos são os seguintes:

• Manter a região drenada para evitar o acúmulo de pus
• Definir o trajeto da fístula
• Em fístulas complexas, definir o trajeto que será tratado posteriormente 
• Em pacientes com doença de Crohn, o seton poderá ser parte do tratamento da doença inflamatória intestinal.

Ou seja, o seton pode ser uma parte muito importante do tratamento da fístula, que costuma preceder o tratamento cirúrgico definitivo ou, no caso de pacientes com DII, integrar outras estratégias de tratamento. 

De fato o seton costuma causar ardor, incômodo ao sentar e dificultar a limpeza da região (que, inclusive, deve sempre ser feita com água e nunca papel higiênico). Entretanto, a presença do seton é temporária e em alguns casos tem um papel importante durante o tratamento da fístula.