Aqui no blog tenho falado sobre o papel da oncogenética na prevenção do câncer e em tratamentos individualizados.
Um teste genético pode ser um grande aliado para compreender melhor o comportamento de uma neoplasia ou permitir um acompanhamento mais de perto de um paciente que tenha risco elevado de desenvolver câncer.
Pacientes com a Síndrome de Li-Fraumeni têm predisposição aumentada para desenvolver tumores de mama, cérebro, córtex da adrenal, leucemias e sarcomas, dentre outros.
As pessoas afetadas por essa síndrome costumam desenvolver as neoplasias em idade bastante precoce, podendo ocorrer até mesmo na infância.
Essa Síndrome é causada por mutações germinativas, isto é, alterações genéticas hereditárias, inativadoras no gene TP53. Esse gene é responsável pela produção de uma proteína que regula o crescimento e a proliferação celular quando o DNA é danificado durante sua divisão.
Em outras palavras, se na divisão celular o DNA for danificado, essa proteína interrompe o processo e envia o DNA para reparo. Caso o dano seja irreversível, a célula entra em apoptose (morte celular programada).
Ou seja, com as mutações, esse gene e sua proteína perdem a capacidade de reparo do DNA e de enviar as células com DNA defeituoso para a apoptose. Como consequência essas células defeituosas se proliferam rapidamente, causando o câncer.
Pela função vital que esse gene desempenha como supressor de tumor, o TP53 é chamado de “Guardião do Genoma”.
O diagnóstico da Síndrome de Li-Fraumeni pode ser feito a partir da investigação da árvore genealógica familiar (heredograma) e da identificação da mutação genética por meio do sequenciamento genético do paciente.
A Síndrome de Li-Fraumeni é uma doença considerada muito rara em todo o mundo. Entretanto, no início dos anos 2000, pesquisadores brasileiros perceberam que essa síndrome era muito mais comum no país que no resto do mundo.
Hoje estima-se que no Sul e Sudeste do Brasil, regiões onde esses casos estão concentrados, existam mais de 300 mil pessoas portadoras de uma mutação no gene TP53.
A explicação para isso é que no passado, no século XVII ou XVIII, existiu um portador original da mutação, ou seja, um “fundador” dessa mutação no Brasil, que a transmitiu para seus descendentes.
No entanto, o que as pesquisas a respeito da Síndrome de Li-Fraumeni revelaram foi que as as mutações dos pacientes brasileiros não são as mesmas que aquelas mutações clássicas registradas em outros países.
Com a alteração clássica, o risco de desenvolvimento de câncer pode chegar a 90% e é pouco provável que o indivíduo afetado chegue à vida adulta, tenha filhos e transmita a mutação para seus descendentes.
Já no caso da mutação brasileira, o risco de desenvolver neoplasias é menor, entre 50% e 70%. Justamente por isso, a síndrome se espalhou tanto pelo país, já que muitos indivíduos nem chegam a desenvolver o câncer e sobrevivem para constituir uma família e transmitir a mutação para seus filhos.
O diagnóstico da Síndrome de Li-Fraumeni pode ser feito a partir da investigação da árvore genealógica familiar (heredograma) e do sequenciamento genético do paciente.
Em caso de diagnóstico positivo, é importante que seja feito um acompanhamento do paciente e da sua família, traçando estratégias individualizadas de prevenção e redução do risco de desenvolvimento de tumores.
Devemos investir na prevenção primária, secundária e terciária do câncer.
A prevenção primária tem o objetivo de impedir que o câncer se desenvolva, evitando a exposição a fatores de risco, como por exemplo o cigarro e o álcool, e adotando hábitos de vida saudáveis. Nas síndrome hereditárias, em casos selecionados, existe a opção de remoção de órgãos sadios, como as mamas por exemplo, para reduzir o risco de desenvolvimento de câncer naquele órgão.
Já a prevenção secundária tem o objetivo de detectar e tratar tumores iniciais assintomáticos ou mesmo lesões pré-malignas, como por exemplo pólipos intestinais e lesões causadas pelo vírus HPV.
Por fim, a prevenção terciária engloba o diagnóstico e tratamento de um câncer já estabelecido e a prevenção de um segundo tumor em um paciente que já tenha se curado de outra neoplasia.
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