Marisa, 35 anos, foi ao médico apresentando uma história impressionante de casos de câncer na família.
Sua irmã de 31 anos está, há 3 meses, em tratamento de câncer de mama. A mãe teve o mesmo diagnóstico aos 48 e faleceu 6 anos depois. Uma tia e um tio, irmãos da mãe, faleceram aos 52 de câncer de ovário e, aos 60, de câncer de próstata respectivamente.
Uma mutação em um gene relacionado a esse tumores foi detectada na irmã que está em tratamento. O médico então, solicitou o teste de DNA para saber se Marisa carrega a mesma mutação.
Porém, 2 meses após o pedido, Marisa ainda não se decidiu sobre fazê-lo ou não. Afinal, está assustada com a possibilidade de ter o mesmo destino da família. Ela sabe que a informação genética é importante, mas não consegue imaginar como seria a vida se descobrisse que é portadora de uma mutação.
Marisa é uma personagem fictícia, mas essa situação está longe de ser. E esse é um dos maiores desafios que nós, profissionais do aconselhamento genético, enfrentamos.
Gostaríamos que todos soubessem que os benefícios da informação superam o terror que ela pode causar. Mas essa sensação que descrevi, chamada de percepção de risco, é um grande obstáculo para conseguirmos convencer alguém a realizar um teste genético.
Quero deixar claro que nós entendemos, profundamente, que a palavra câncer tenha um eco muito maior em quem já conviveu com a doença, de alguma forma. Porém, é preciso entender a importância que a identificação de uma condição hereditária tem. Ela pode, literalmente, salvar muitas vidas!
Além disso, todo paciente sempre poderá contar com o nosso apoio em todas as etapas do aconselhamento. Portanto, se você se identificou com a história de Marisa, não tenha medo. Analise os prós e os contras e, principalmente, confie no que a medicina pode fazer por você.
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1 Comentário
Fiquei ainda mais angustiada ao ler a história de Marisa. Sei que muitas famílias passam por essa situação. Hoje me deparo com o fato da minha mãe, com 64 anos, recentemente descobriu um câncer de sigmóide metastático. A cerca de 5 anos, sua irmã também foi acometida da mesma doença, porém com diagnóstico de não maligno, passa agora por revisão e já apresenta algumas alterações intestinais. A minha avó materna, mãe das duas que relatei, também foi vítima da mesma doença intestinal e veio a falecer após três anos de amputação total do intestino. Fico aflita ao perceber que esse diagnóstico perpassa a nossa família… Eu, minha irmã mais nova, minha prima e um primo, já apresentamos desconforto abdominal quase que diariamente e por diversos fatores… A minha irmã e minha primeira apresentam sangramento ao defecar e meu primo já retirou pólipos. Em uma consulta com o oncologista que acompanha a minha mãe e minha tia, o mesmo orientou que fizéssemos a colonoscopia. Tudo isso me assustar ao ponto de ter medo de realizar o exame. O médico também sugeriu que minha tia procurasse o médico para fazer um teste genético, mas ela ainda não conseguiu fazer.