Por muitos anos, o tratamento padrão para o câncer de reto era a realização de quimioterapia e radioterapia seguida da remoção cirúrgica do órgão. Essa é a prática adotada até mesmo quando o paciente tem uma resposta clínica completa à radioquimioterapia, ou seja, regressão total do tumor.
Entretanto, um estudo publicado recentemente no periódico The Lancet Oncology introduz os resultados de uma estratégia de tratamento diferente, chamada de Watch & Wait, “observar e esperar”, em inglês.
O nome foi dado pela Dra. Angelita Gama, uma das maiores coloproctologistas do país, que há anos já vinha observando, na sua prática clínica, que operar pacientes com resposta clínica completa pode não ser a melhor decisão.
A pesquisa foi baseada em dados dados armazenados na International Watch & Wait Database (IWWD), envolvendo 47 centros de saúde onde se trataram pacientes ao longo de 24 anos. Todos eles se submeteram à mesma estratégia de tratamento:
O paciente com câncer de reto recebe o tratamento quimio e radioterápico e, caso apresente uma resposta clínica completa, ele inicia um acompanhamento médico intensivo.
A cada dois a três meses, ele deve passar por exames de toque, retoscopia e ressonância magnética para avaliar reincidência ou metástase do tumor.
O que foi observado pela equipe é que a cada ano que passava, as estatísticas de sobrevivência aumentavam muito. Após os primeiros doze meses, a probabilidade de o câncer não voltar nos dois anos subsequentes é de 88%. Após três anos, a chance de ficar mais dois anos livre da doença é de 95%. Cinco anos depois do tratamento, com o paciente sem recidivas, as chances do tumor voltar é de apenas 1%.
Ou seja, após os três primeiros anos sem o tumor, as chances de que ele volte é mínima, o que possibilita realizar um acompanhamento menos intenso. Boas notícias para os pacientes, que enfrentam o desconforto de todos esses exames, e para a ciência como um todo, já que ainda não temos um consenso da periodicidade e por quanto tempo essas pessoas devem ser acompanhadas.
Estima-se que aproximadamente 30% dos pacientes com câncer de reto têm resposta clínica completa à radioquimioterapia. Nesses pacientes, o risco de metástase no primeiro ano após a terapia é de 10% tanto para quem fez a cirurgia quanto para quem não fez, o que corrobora a decisão de não operar imediatamente.
Inclusive, a Dra. Angelita Gama conta que, na análise microscópica dos tecidos removidos cirurgicamente depois do tratamento desses pacientes, não são encontradas células tumorais.
Por outro lado, vale ressaltar que a maioria dos pacientes com câncer de reto não têm resposta clínica completa, ou seja, o tumor continua presente mesmo depois do tratamento com radioquimioterapia. Nessas situações, a cirurgia é necessária para complementar o tratamento.
A remoção do reto (e, algumas vezes também do ânus) deve ser realizada com critérios e avaliações mais refinadas, porque apesar de ser segura, está sim associada a problemas de continência fecal, dificuldades sexuais e de autoestima, além de implicar, frequentemente, no uso da bolsa de colostomia.
Se for possível preservar a estrutura intestinal do paciente, isso sem dúvidas contribui para sua qualidade de vida.
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