Sintomas de doenças inflamatórias intestinais em mulheres: o que muda?

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Sintomas de doenças inflamatórias intestinais em mulheres: o que muda?

As doenças inflamatórias intestinais atingem ambos os sexos de forma semelhante, causando sintomas como dor abdominal, diarreia, fadiga e perda de peso. Entretanto, essas enfermidades podem trazer algumas mudanças significativas e específicas para as mulheres. 

Entender como as DII agem de maneira diferente entre os sexos é importante para que as pacientes consigam identificar o que é ou não esperado para conviver com a doença, além de saberem quais cuidados precisam tomar para evitar problemas que são comuns no sexo feminino. 

Doenças inflamatórias intestinais afetam o ciclo menstrual

Além daqueles que já citei, os principais sintomas e sinais da doença de Crohn e da retocolite ulcerativa são necessidade urgente de ir ao banheiro, sensação de evacuação incompleta, inchaço abdominal, flatulência, perda de apetite, presença de sangue e muco nas fezes. 

Nas mulheres, a DII pode levar, também, a menstruação dolorosa e ciclos irregulares. 

A inflamação intestinal, a dificuldade de absorção de nutrientes e a perda de apetite podem levar a um desequilíbrio hormonal. 

Como consequência, a mulher poderá ter ciclos menstruais longos ou curtos demais, e as cólicas podem ser ainda mais dolorosas. 

De acordo com um estudo publicado em 2018 no periódico Inflammatory Bowel Diseases, metade das pacientes com doenças inflamatórias intestinais sentem piora dos sintomas durante a menstruação. 

Alguns hormônios parecem ser responsáveis pelo aumento de contrações nos músculos do intestino, intensificando o desconforto, o que não necessariamente significa que a paciente vai entrar em crise a cada ciclo menstrual. 

Saúde dos ossos pode ficar comprometida

De acordo com a Crohn’s & Colitis Foundation, 30% a 60% dos pacientes com doença inflamatória intestinal têm a densidade óssea comprometida pela doença. Em algumas pessoas, isso pode levar à osteoporose, que é mais comum em mulheres.

Isso ocorre porque pessoas com DII geralmente possuem altas concentrações de proteínas chamadas citocinas, que aumentam a resposta inflamatória do organismo e alteram o processo de formação de novas células ósseas. Deficiências nutricionais e o uso de corticoides no tratamento da doença inflamatória intestinal também aumentam os riscos de ter osteoporose. 

Doenças inflamatórias intestinais e a vida sexual

Pessoas com doença inflamatória intestinal têm maiores chances de desenvolver disfunções sexuais como falta de libido e dor durante o sexo. Uma revisão publicada na revista World Journal of Gastroenterology apontou que mais de 50% das mulheres com DII passam por algum nível de disfunção sexual. Imagem corporal e intimidade também são grandes preocupações dessas pacientes. 

Elas podem ter espasmos do assoalho pélvico, que são contrações dos músculos da região, dificultado a relação sexual. Isso é mais comum entre mulheres que já possuem tecido cicatricial na pelve, o que pode ser um resultado do processo inflamatório crônico ou cirurgia prévia. 

O processo inflamatório do ânus e do reto, a presença de fístulas reto-vaginais ou perianais também podem levar à dor durante o sexo. 

Infertilidade e planejamento familiar 

De maneira geral, as doenças inflamatórias intestinais não impedem uma mulher de engravidar. Entretanto, em casos específicos, o tecido cicatricial de cirurgias passadas, por exemplo, pode causar aderências pélvicas e  bloqueio nas trompas. Esse fenômeno pode dificultar a gravidez. 

De qualquer forma, o ideal é que a paciente com DII planeje a sua gestação com antecedência para que ela ocorra durante o período de remissão da doença. Se a mulher engravidar durante uma crise, as chances de piora nos sintomas é muito alta, e existem, também, riscos maiores de perda gestacional. 

Outro fator a ser levado em conta é que pode ser necessário fazer mudanças no plano de tratamento durante a gravidez, para que nenhum medicamento utilizado cause problemas para o bebê ou coloque a saúde da paciente em risco. O mesmo vale para o período de amamentação. 

Encontre apoio entre os outras mulheres 

Sempre irei recomendar que qualquer paciente com doença inflamatória intestinal esteja envolvido em alguma comunidade de pessoas que também convivem com a doença. Isso ajuda muito a diminuir o sentimento de isolamento, mostrando para a pessoa que ela não está sozinha em suas dificuldades.

Para as mulheres, que vão lidar com questões tão íntimas e delicadas como a dor durante o sexo, por exemplo, isso é ainda mais importante! Por isso, se você é mulher e está passando pelas dificuldades descritas aqui no blog, busque grupos de outras portadoras de doença inflamatória intestinal ou pelo menos uma amiga que também lide com esses problemas. Além de encontrar apoio, você também ajudará outras mulheres a se sentirem menos sozinhas. 

E, por fim, para ajudar na conscientização das DII e diminuir o estigma em torno da doença de Crohn e retocolite ulcerativa neste Maio Roxo, compartilhe esse post!

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