Prevalência de ansiedade e depressão em pacientes com doença inflamatória intestinal

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Prevalência de ansiedade e depressão em pacientes com doença inflamatória intestinal

Prevalência de ansiedade e depressão em pacientes com doença inflamatória intestinal

As doenças inflamatórias intestinais são condições crônicas que podem ser tratadas e manejadas para que entrem em remissão o máximo de tempo possível. Para isso, contamos com diversos tipos de medicação, como corticoides, imunossupressores e terapia biológica, além de cirurgias para melhorar a qualidade de vida do paciente. 

É possível viver uma vida normal e feliz mesmo com doença de Crohn ou retocolite ulcerativa, mas sem dúvidas lidar com essas enfermidades traz muitos desafios e, infelizmente, ainda existe estigma em torno do problema, que pode ser invisível na maioria dos casos. Nesse sentido, uma das preocupações de coloproctologistas e gastroenterologistas tem sido a saúde mental dos nossos pacientes.

Incidência de problemas de saúde mental entre pacientes com DII é alta

Recentemente, uma nova metanálise publicada no The Lancet Gastroenterology & Hepatology foi feita a partir de dados de estudos com mais de 100 pacientes adultos com DII que relataram sintomas de depressão e ansiedade. A partir de 77 estudos, os pesquisadores notaram que sintomas de ansiedade apareceram em 32% dos pacientes em 58 estudos, enquanto a prevalência de depressão foi de 25,2% em 75 estudos. 

Isso significa que até um terço dos pacientes com DII sofrem com ansiedade, e até um quarto deles convive com sintomas de depressão. Quando a doença está ativa, os números sobem, de maneira que a ansiedade afeta até 50% dos pacientes e a depressão até um terço deles. 

De acordo com a revisão, os pacientes com doença de Crohn tiveram maiores chances de desenvolver sintomas de ansiedade e depressão em comparação com aqueles com retocolite ulcerativa. Outro aspecto interessante identificado na metanálise é que as mulheres foram mais propensas a ter sintomas de depressão do que os homens com doenças inflamatórias intestinais. 

Essa edição do The Lancet também trouxe uma coleta de dados interessantes a respeito dos efeitos de problemas psiquiátricos no curso da doença de Crohn e da retocolite ulcerativa

Pacientes com DII e problemas de saúde mental têm taxas mais altas de cirurgia, dificuldade de diagnóstico, passam por mais hospitalizações e precisam utilizar mais corticoides. Além disso, eles têm mais dificuldades de adaptação a medicamentos do que pacientes que não lidam com depressão ou ansiedade. 

Como podemos ajudar? 

Infelizmente, a incidência de problemas de saúde mental costuma ser mais alta entre pacientes com doenças crônicas. Conviver com os sintomas, complicações da doença, idas ao médico e hospitais, efeitos colaterais da medicação, a possibilidade de precisar realizar cirurgias e até mesmo a remoção de parte do intestino são desafios superados diariamente por muitas das pessoas com DII. 

E, é claro, existe ainda o estigma em torno da doença e da própria bolsa de colostomia, que faz com que muitos desses pacientes se isolem da família e dos amigos, abandonando diversas atividades. 

Mais do que nunca, com a pandemia de Covid-19 e os efeitos do distanciamento social, medo do contágio, luto coletivo e a crise econômica, sem dúvidas estamos vivendo um momento difícil quando o assunto é saúde mental. O número de pessoas que relatam experienciar sintomas de depressão, ansiedade e outras condições aumentou muito! Psicólogos e psiquiatras nunca foram tão procurados e o assunto ganhou mais espaço na mídia.

Se por um lado isso significa que mais pessoas estão sofrendo, por outro, parece que estamos evoluindo para reconhecer que está tudo bem em buscar ajuda para cuidar da saúde mental. E para o paciente com condições crônicas como as doenças inflamatórias intestinais, poder contar com uma equipe multidisciplinar, inclusive com apoio psicológico e psiquiátrico faz toda a diferença.

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