A pandemia mudou os hábitos e a rotina de muita gente. Quando o assunto é alimentação, então, muita coisa está em jogo. Afinal, quem almoçava no restaurante perto do trabalho e passou a trabalhar de casa, pode ter mais tempo para cozinhar e comer comida fresca, ou dificuldades com a organização do próprio cardápio.
Além disso, a incerteza e as inúmeras perdas desse período fizeram com que muitas pessoas se voltassem para a comida como uma forma de conforto, o que nem sempre significa fazer as escolhas mais saudáveis. Combinado ao sedentarismo e à diminuição na atividade física de maneira geral, isso pode se refletir em um ganho de peso expressivo e ao desenvolvimento de problemas como diabetes e colesterol alto, que estão associados a diversas outras doenças sérias.
Para ajudar a esclarecer os efeitos da pandemia e outros aspectos da alimentação do brasileiro, está em curso um estudo chamado Nutrinet Brasil. Essa é a maior pesquisa sobre alimentação e saúde realizada no país, e irá acompanhar, por 10 anos, 200 mil brasileiros em todas as regiões do nosso território.
Lançado pela USP com o apoio de instituições como a Unifest, UFMG, UFRGS. UFPel, Fiocruz do Rio de Janeiro e Bahia e o Instituto Nacional do Câncer, o Nutrinet já apresentou dados em dois artigos publicados na Revista de Saúde Pública de São Paulo. Quero discutir, por aqui, os achados desses artigos para entender as mudanças na alimentação do brasileiro durante a pandemia. Vamos lá?
Para a pesquisa, foram selecionados mais de 10 mil participantes que responderam a um questionário a respeito dos alimentos que consumiram no dia anterior, em dois momentos diferentes: ao ingressar na pesquisa, ou seja, entre 26 de janeiro a 15 de fevereiro de 2020 e após o início da pandemia no Brasil.
O questionário é composto por perguntas sobre o consumo de diferentes tipos de frutas, hortaliças e leguminosas, entendidos como marcadores de alimentação saudável. Além disso, o documento conta com a listagem de 23 tipos de alimentos ultraprocessados, como refrigerante, suco de caixinha, refresco em pó, salsicha, mortadela, etc.
Nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste e entre participantes com escolaridade intermediária e superior, houve um aumento pequeno no consumo de frutas, hortaliças e legumes. O consumo de alimentos ultraprocessados praticamente não mudou com a pandemia, e, na verdade, aqueles que consumiam cinco ou mais alimentos desse tipo diminuíram um pouco o seu consumo.
Entretanto, nas regiões Norte e Nordeste e entre pessoas com menos tempo de escolaridade, as mudanças foram menos favoráveis.
Já o outro artigo, publicado neste ano, abordou as mudanças de peso corporal do brasileiro durante a pandemia. Foram coletados dados de mais de 14 mil participantes, que relataram o seu peso antes da pandemia e após 6 meses.
19% dos participantes relataram ganho de peso, especialmente os homens, pessoas com baixo nível de escolaridade e presença prévia de excesso de peso. Por outro lado, 15,2% dos participantes relataram perda de peso, o que também foi associado ao sexo masculino e excesso de peso. Interessante, não é?
Todos esses fenômenos têm diversas possíveis explicações. As pessoas passaram mais tempo em casa, onde têm acesso a comida saudável, muitos estabelecimentos fecharam, levando as famílias a cozinharem mais.
Além disso, a preocupação com a imunidade e o fortalecimento do organismo diante de uma possível infecção influenciou muitas pessoas a consumirem alimentos mais saudáveis. Por outro lado, a dificuldade de sair de casa para adquirir alimentos frescos pode ter sido um obstáculo, além da redução expressiva na renda de milhões de famílias, devido ao desemprego. Entretanto, muitos alimentos ultraprocessados são mais caros que verduras, legumes e frutas.
Por fim, muitas pessoas com sobrepeso ficaram preocupadas com o seu estado de saúde e resolveram adquirir hábitos de vida mais saudáveis, enquanto outras foram afetadas pelo estresse do isolamento social e instabilidade como um todo, aumentando o consumo de alimentos calóricos.
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