Considerando que cerca de 10% a 15% dos tumores têm causas hereditárias e que, em grande parte dos casos, podem ser identificados com os testes genéticos, existem muitos pacientes que poderão ter indicação médica de passar pelo exame.
Nesse sentido, quem já foi diagnosticado com câncer pode estranhar quando o médico oncologista ou especialista em determinado tipo de tumor indica a realização de um teste genético. O paciente se pergunta se esse tipo de investigação fará alguma diferença, afinal, ele já desenvolveu o tumor e está mais interessado no tratamento da doença.
Esse tipo de teste em pacientes com câncer pode oferecer informações importantes a respeito da eficácia de determinados tipos de tratamento e até mesmo os riscos de outros tipos de tumores se desenvolverem. Isso pode implicar diretamente em novas práticas de rastreamento do câncer e planejamento familiar.
Inclusive, fazer o teste genético pode oferecer benefícios que vão além do paciente com câncer: se ele é portador de uma mutação genética causadora de tumores, provavelmente outros familiares próximos também serão portadores.
Para muitos pacientes, não entender o que pode ter causado o desenvolvimento do câncer é muito doloroso. Pessoas ativas, em idade reprodutiva e cheias de planos, podem se sentir muito frustradas por manterem um estilo de vida saudável e ainda assim serem diagnosticadas com um tumor maligno.
Para alguns desses pacientes, os resultados do teste genético explicam ao menos em parte os motivos pelos quais tiveram câncer. Vale ressaltar, entretanto, que nem todas as pessoas enxergam a realização do exame dessa forma.
Há pacientes que se sentem desconfortáveis com o fato de que não é possível alterar seus genes, o que é muito compreensível. Entretanto, é possível tomar medidas de prevenção, que podem envolver mudanças no estilo de vida, exames de rastreamento periódicos, uso de medicamentos específicos (como aspirina, no caso de pacientes com Síndrome de Lynch) ou realização de cirurgias.
Hoje, os testes genéticos são indicados para pessoas que se enquadrem em critérios específicos, adotados internacionalmente e que funcionam como indicadores de que o paciente possa ter alguma mutação genética causadora de câncer.
Alguns deles são o diagnóstico de câncer em idade muito jovem, diagnóstico de diferentes tipos de câncer na mesma pessoa, tumores bilaterais em órgãos pares, como nas mamas e rins e ter parentes de primeiro grau que tiveram o mesmo tipo de câncer.
Entretanto, muitos estudos têm fornecido evidências de que mais pacientes podem se beneficiar dos testes genéticos. Com esses critérios, muitas pessoas que poderiam se beneficiar da testagem, especialmente para otimizar o próprio tratamento por meio da medicina de precisão, não estão passando pelo exame.
Ainda é preciso reunir mais evidências para mudar esses critérios de maneira ampla. Afinal, a oncogenética é um campo ainda em expansão, mas já podemos imaginar que, futuramente, mais pessoas irão passar pelos testes genéticos e usufruir dos benefícios dessa tecnologia, mesmo depois do diagnóstico de câncer.
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