A obesidade é um fator de risco muito bem estabelecido para o desenvolvimento do câncer colorretal e diversos outros tipos de tumores. Recentemente, uma pesquisa observou a relação entre a obesidade na gravidez e o risco futuro de que os filhos tenham a doença na idade adulta.
O estudo, publicado na revista Gut, traz resultados que sugerem que eventos intra-útero, ou seja, aqueles que acontecem durante a gestação podem ser fatores de risco importantes para o câncer colorretal e podem aumentar a incidência da doença em adultos jovens.
Na análise, foram levadas em consideração associações de obesidade materna, ganho de peso na gravidez, peso do bebê ao nascer e câncer colorretal em filhos adultos.
O estudo utilizou dados médicos de mais de 18 mil gestantes em cuidados pré-natais entre 1959 e 1966, em conjunto de informações coletadas em 2019 no registro de câncer da Califórnia.
Entre os filhos diagnosticados com câncer colorretal, 48,5% tinham menos de 50 anos no momento do diagnóstico e cerca de 20% tinham história familiar deste tumor. Os filhos de mulheres com sobrepeso ou obesas tiveram mais que o dobro de risco de ter câncer colorretal do que os filhos de mulheres com peso adequado. Dados como esse são especialmente relevantes porque não estão no controle do paciente.
Além disso, vale ressaltar que uma mulher tem obesidade materna quando seu IMC é maior do que 30, o que leva em consideração seu peso e sua altura. De acordo com os pesquisadores, o risco de o filho ter câncer colorretal é ainda maior quando o ganho de peso acontece durante a gestação.
No estudo, o peso do bebê na hora do nascimento também teve associação com o desenvolvimento da doença.
Durante o pré-natal, o peso da paciente precisa ser monitorado e controlado porque a obesidade materna e a ingestão de dieta rica em gordura têm efeitos negativos comprovados para o desenvolvimento do feto.
Para além de doenças cardiovasculares, metabólicas e problemas no desenvolvimento neural, a obesidade materna também parece estar relacionada a modificações epigenéticas e má formação da microbiota intestinal.
Outros problemas que estão relacionados à obesidade materna são diabetes gestacional, hipertensão, pré-eclâmpsia, crescimento uterino restrito, hipoglicemia neonatal no feto e risco aumentado de aspiração de mecônio.
O ideal é engravidar dentro de uma faixa de peso considerada saudável e controlar o ganho de gordura durante a gestação. Para muitas pacientes, esse pode ser um grande desafio, por isso, recomendo buscar ajuda profissional de nutricionista caso necessário.
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